"Toda relação humana, quer se trate do conhecer ou do agir, do acesso à arte ou das relações entre pessoas, do saber histórico e da meditação filosófica, tem sempre um caráter interpretativo." Luigi Pareyson

Diversidade e multiplicidade são ingredientes indispensáveis à natureza, à cultura e à sociedade. A natureza, por si só berço da diversidade, é fonte maior de interesse e mola propulsora do aprender da humanidade. Bem antes de Francis Bacon, o humano já buscava compreender essa diversidade, de início servindo-se dela para, posteriormente e deliberadamente, passar a transformá-la. E aqui vemos a natureza sendo moldada, não de forma passiva, mas também moldando a natureza humana, principalmente quando lhe demonstra limites ou quando se impõe com força e energia.

Se a natureza já traz em si a multiplicidade, o que dizer da cultura? A cultura se opõe à natureza pela simples fato de, segundo Heinrich Rickert, se colocar como teleológica. Por este motivo, é carregada de individualismos que se propagam e, ao mesmo tempo, se buscam em reconhecimento social. A cultura é o próprio mundo do ser humano, muito embora este viva também dentro da natureza, ou como disse Max Scheler, é um “processo que nos torna homens”. É humanização.

Nossa sociedade é este misto de natureza e cultura que tanto pode ser fonte de formação, mas que também pode servir para conformar. Encontrar o "fio da navalha" entre uma coisa e outra é papel das ciências humanas, se não para traçar juízos de valor, mas para conhecer, para possibilitar ainda mais a multiplicidade de interpretações, em seus mais variados matizes e por perspectivas diversas.

Por fim, podemos dizer que este pensar das humanidades é essencialmente multidimensional, não apenas no sentido dos contextos, mas dentro de nós mesmos. Nós nos possibilitamos mudanças, erros, avanços e, vez por outra, retrocessos. Quando interagimos com o mundo – seja natural ou cultural –, o mundo se multiplica proporcionalmente às nossas múltiplas visões. E este é o nosso papel, proporcionar o máximo possível a visibilidade dessas múltiplas dimensões das humanidades. Eis nosso propósito!

Luciênio Teixeira (CH/UAAMI)